A outra cruzada das crianças

Depois do fracasso da primeira cruzada das crianças na qual era comandada pelo pequeno Estevão , na Alemanha surgia um outro jovem pregador que se chamava-se Nicolau e provinha de um vilarejo à beira do Reno.
A notícia dos sermões de Estevão logo se espalhou pela Europa, inflamando a imaginação de muitos jovens da sua idade. Poucas semanas após a sua partida o pequeno Nicolau anunciava que os jovens podiam fazer melhor que os adultos e que o mar seria aberto na frente deles. Mas, ao contrário de Estêvão, Nicolau anunciava que as crianças não conquistariam a Terra Santa com as armas, mas com a conversão dos infiéis.
Reunindo-se em Colônia Nicolau auxiliado por outros pequenos pregadores que eram os seus discípulos convocou um verdadeiro exército de crianças .
Os meninos alemães de Nicolau deviam ser um pouco mais velhos que seus colegas franceses de Estevão ; entre eles também havia mais moças e um contingente de descendentes de nobres mais numeroso. Também não faltavam vagabundos e prostitutas.
A expedição se dividiu em dois grupos que se dirigiram para a Itália (onde o mar deveria se abrir para permitir que chegassem a pé à Terra Santa): um foi para o lado do Mar Tirreno, outro para o Adriático. O primeiro contingente, de vinte mil criancas, guiado por Nicolau atravessou a Suíça e os Alpes sofrendo perdas consideráveis durante o difícil percurso montanhoso. Em 3 de agosto menos de um terço dos rapazes saídos de Colônia chegou a Gênova, lá, as autoridades (que temiam um complô alemão) permitiram que descansassem apenas uma noite, mas ofereceram a todos os que quisessem a possibilidade de se estabelecer definitivamente na cidade.
Os cruzados alemães também correram para a beira do mar no dia seguinte, esperando que ele se abrisse, e mais uma vez houve muita desilusão quando o milagre não aconteceu. Muitas crianças aceitaram a oferta das autoridades genovesas, mas Nicolau e o grosso do contingente continuaram a viagem: se o mar não se abriu em Gênova talvez pudesse fazê-lo em outro lugar. Poucos dias depois chegaram a Pisa, onde dois navios a caminho da Palestina concordaram em aceitar vários rapazes a bordo. Nunca mais se teve notícias deles.
Contudo, Nicolau permanecera em terra, junto com seus mais fiéis seguidores pois ainda esperava o milagre. Os rapazes que sobreviveram se dirigiram a Roma onde foram recebidos pelo papa Inocêncio III. "Ele ficou comovido com a devoção deles, mas confuso com sua loucura. Com gentil firmeza, disse que deveriam voltar para casa; quando crescessem, poderiam cumprir suas promessas e combater pela cruz." (Runciman, 1996, p. 808.) Aos garotos só restou pegar o caminho de volta. Muitos deles, em especial as moças, cansados com as loucuras da viagem ficaram na Itália. Apenas poucos debandados voltaram à Renânia na primavera seguinte, e não é certo que Nicolau estivesse entre eles. O pai do pequeno profeta, acusado de ter encorajado o filho em sua obra vangloriosa, foi preso pelos pais dos rapazes desaparecidos e enforcado.
Nem o ramo "adriático" dos jovens alemães teve sorte. Cansados da viagem realizada em condições precárias os pequenos cruzados chegaram a Ancona, onde esperaram inutilmente pelo milagre da abertura do mar. Então, continuaram viagem até Brindisi. Lá alguns embarcaram em navios que zarpavam para a Palestina, mas a maior parte recuou, batendo em retirada para casa. Desde então, apenas um grupo desaparecido de fato voltou.
Fonte: o livro negro do criatianismo

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